Do berço ao berço ou do berço para o túmulo (Cradle-to-cradle or Cradle-to-grave)
Sempre achei que tivesse uma consciência ambiental fantástica e que fazia tudo certo e muito mais do que a maioria das pessoas faziam em relação a meio ambiente. Me lembro de quando criança assistir na TV Cultura domingo à noite o programa Planeta Terra, ou ainda o Globo Ecologia. Depois vieram as aulas de Direito Ambiental quando instaurei na minha casa a reciclagem dos materiais não orgânicos, e em seguida as aulas de alemão, quando fui apresentada aos severos efeitos da globalização e da tecnologia: a exportação de lixo tecnológico para países, por exemplo, como Gana, na África, onde pessoas (em sua maioria crianças) manipulando no lixo a procura de metais nobres. Muitas vezes tais metais estão fundidos a outros materiais, e para isso é preciso processá-los para separá-los, o que gera fumaça tóxica, não só ao meio ambiente, como também àquelas pobres almas vítimas de nosso consumismo.
Vídeo sobre: https://www.youtube.com/watch?v=ycliIDxknGE
Alguns sites de notícia falando sobre:
O lixo eletrônico não é só enviado para a África. Como se vê na figura abaixo, os principais destinos estão na América Latina, África, e nos países mais pobres ou mais populosos da Ásia (China e índia). Lembro-me que em meados de 2009, 64 containers contendo lixo tóxico chegaram nos portos de Rio Grande (RS) e Santos (SP) (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2706200911.htm).
Bom, amigos, o problema não é só deles, é nosso também.
O modelo industrial adotado há mais de 200 anos é a produção linear, ou seja, extração – fabricação – utilização – descarte (hoje, as vezes reciclar, outras incinerar – Europa principalmente).
Mas jogar fora onde? Tudo fica aqui, dentro do nosso planeta, do qual esperamos chuva para nos suprir com água, e terra para crescer nosso alimento.
Pensando nisso é que surgiu o conceito Cradle to Cradle. A frase foi inventada por Walter R. Stahel na década de 1970 e popularizado por William McDonough e Michael Braungart em seu livro de mesmo nome de 2002. Este quadro visa criar técnicas de produção que não são apenas eficientes, mas são essencialmente livres de resíduos. Nesse sistema (cradle-to-cradle – do berço ao berço) de produção todas as entradas e saídas de materiais são vistas como nutrientes técnicos ou biológicos (sistema circular). Nutrientes técnicos podem ser reciclados ou reutilizados, sem perda de qualidade e nutrientes biológicos são compostados ou consumidos. Ou seja, não existe o conceito de lixo, tudo é nutriente para um novo ciclo e resíduos são de fato nutrientes que circulam em ciclos contínuos. Em contraste, há o “berço à sepultura” (cradle-to-grave – sistema linear) o qual refere-se tão somente a responsabilidade da empresa em dar vazão aos produtos por ela produzidos, não se preocupando na forma de seu descarte ou utilizando componentes outrora utilizados novamente na composição dos novos produtos. (http://www.sustainabilitydictionary.com/cradle-to-cradle/)
“Ser menos ruim, não é ser bom - Sustentabilidade hoje é sinônimo de minimizar impacto negativo, reduzir pegada ecológica, neutralizar emissões, ser eficiente… ou seja, continuar fazendo as coisas do mesmo jeito, apenas com menos intensidade. Desacelerar sem mudar a direção apenas transfere os problemas para o futuro: Ser “menos ruim” não é ser bom. (retirado da página Cradle to Cradle no Brasil - http://www.epeabrasil.com/?page_id=23)
A metodologia proposta pelo Cradle to Cradle “já foi adotada por empresas como Puma, Philips e Alcoa, e inspirou edifícios como a Sustainabilty Base da NASA e a planta industrial da Ford River Rouge, além do desenvolvimento urbano de regiões da China (Huangbaiyu), Holanda (Venlo - http://epocanegocios.globo.com/Caminhos-para-o-futuro/Desenvolvimento/noticia/2014/11/cidade-lixo-zero.html) e Dinamarca. A partir dos resultados obtidos, o C2C tem sido considerado uma ferramenta poderosa para a construção de uma Economia Circular - inspirada no entendimento de que a lógica cíclica é a única que pode se sustentar a longo prazo em nosso planeta.” (http://www.ideiacircular.com/c2c-cradle-to-cradle)
Livro: